EM TUAS MÃOS ~ EN TUS MANOS

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EM TUAS MÃOS

Tuas mãos são o fogo que acende minha vida

Ossudas, de longos dedos que chegam ao meu coração

Alcançando com suas pontas cada buraco do meu ser

Para sarar as feridas de um ontem esquecido

Eu não teria te conhecido sem tuas mãos de algodão

Que acariciam minha alma só de pensar em mim

Já no primeiro outono eu sabia da sua leve doçura

Que nunca antes abrigaram um órfão

Tuas mãos são rosáceas e cheiram a primavera

Como chuva que sacia minha eterna sede de afeto

De uma infância feita noite que não acordou

Até que tua boca me disse que te merecia

Eu não sabia que podia ser amado

Que me redimiria da mais densa culpabilidade

Um cobertor espesso e escuro, plúmbeo e frio

Que me pegava com seus tentáculos de fel

Existia um dom dentro de mim que desejava respirar

Havia uma cordura que queria se mostrar

Olhos que almejavam contemplar a esperança

E lábios que silenciosamente beijavam o céu

Meu primeiro fôlego não veio ao nascer, mas com tuas mãos

Nunca pude chorar até sentir tua pele na minha pele

Deixei de lado meus pesadelos pela tua ternura

E hoje, quando te vejo, meu olhar vive em tuas mãos

EN TUS MANOS

Tus manos son el fuego que enciende mi vida

huesudas, de largos dedos que llegan a mi corazón

alcanzando con sus puntas cada hueco de mi ser

para curar las heridas de un ayer olvidado

No te habría conocido sin tus manos de algodón

que acarician mi alma con tan solo pensar en mí

ya el primer otoño sabía de su leve dulzura

que nunca antes cobijaron a un huérfano

Tus manos son rosáceas y huelen a primavera

como lluvia que sacia mi eterna sed de afecto

el de una infancia hecha noche que no despertó

hasta que tu boca me dijo que te merecía

Yo no sabía que podía ser amado

que me redimiría de la más densa culpabilidad

una manta espesa y oscura, plúmbea y fría

que me atrapaba con sus tentáculos de hiel

Existía un don en mi interior que ansiaba respirar

había una cordura que deseaba mostrarse

ojos que anhelaban contemplar la esperanza

y labios que silenciosamente besaban el cielo

Mi primer aliento no llegó al nacer, sino con tus manos

jamás pude llorar hasta sentir tu piel en mi piel

dejé marchar mis pesadillas por tu ternura

y hoy, cuando te veo, mi mirada vive en tus manos

Texto: 2020 © José Manuel Fernández

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